A intensificação das deportações de imigrantes ilegais nos Estados Unidos tem gerado um clima de insegurança entre milhões de trabalhadores e suas famílias. Com a promessa do presidente Donald Trump de realizar a maior operação de deportação da história americana, especialistas alertam para as consequências dessa política não apenas para a economia, mas também para o tecido social do país.
Atualmente, mais de 4,4 milhões de crianças e adolescentes americanos vivem com ao menos um imigrante sem documentação, segundo o Pew Research Center. Para o historiador Roberto Moll, da Universidade Federal Fluminense (UFF), a separação forçada de famílias pode gerar impactos psicológicos profundos. “O trauma de ver pais sendo levados pela imigração pode deixar marcas duradouras em crianças e adolescentes”, afirma.
Além disso, a ameaça constante de deportação pode levar trabalhadores a aceitarem condições de trabalho ainda mais precárias, com medo de denunciar abusos ou exigir direitos básicos. “Muitos vão se sujeitar a salários ainda menores e jornadas exaustivas para evitar chamar atenção das autoridades”, explica Rubens Duarte, coordenador do Laboratório de Análise Política Mundial (Labmundo).
A política de deportações também pode alterar a percepção global sobre os Estados Unidos. O país, historicamente construído por imigrantes, agora adota medidas que reforçam um discurso de exclusão. “Isso impacta a identidade nacional e a forma como o resto do mundo vê os EUA”, avalia Duarte.
O futuro das políticas migratórias sob Trump ainda é incerto, mas o medo já é uma realidade para milhões de imigrantes que construíram suas vidas no país.
