A exposição “MIA – Passado, presente e futuros”, do Museu Itinerante da Amazônia, está aberta ao público em Manaus e convida a sociedade a refletir sobre como as cidades amazônicas foram construídas, seus impactos ambientais e a urgência de se repensar os modelos urbanos diante das mudanças climáticas. A mostra ocupa o Palacete Provincial até 29 de abril, com entrada gratuita.
Realizada em parceria entre o Laboratório da Cidade (PA) e a organização Oca Amazônia, a exposição reúne vídeos, instalações interativas e bate-papos que conectam memória, ancestralidade e justiça climática. A proposta é provocar questionamentos sobre a urbanização da Amazônia, ainda marcada por padrões coloniais e pouco adaptados ao clima e à geografia da região.
Entre os destaques, está um vídeo criado a partir de pesquisas em áreas sem arborização em Belém, que foi adaptado para outras cidades da mostra itinerante. A obra propõe alternativas de urbanismo mais sensíveis à realidade local, promovendo o debate sobre o direito à cidade. Manaus é a segunda capital a receber o projeto, que seguirá para São Luís, Brasília e Rio de Janeiro.
A curadora da exposição, Jade Jares, ressalta que o MIA nasceu de uma proposta para o Dia da Amazônia, em 2022, e se transformou em uma experiência sensorial e de escuta ativa. “A cidade ainda reproduz modelos europeus incompatíveis com a Amazônia. Precisamos resgatar saberes originários para pensar um futuro urbano mais justo e sustentável”, afirmou.
Na abertura, um bate-papo sobre “COP30 e as cidades amazônicas” abordou a responsabilidade dos centros urbanos diante da crise climática. Para a visitante Tatiana Lobão, de passagem por Manaus, a mostra destaca as desigualdades vividas diariamente. “O calor extremo e a falta de estrutura penalizam os mais pobres. Ver isso retratado aqui nos faz repensar muita coisa”, comentou.
As obras também denunciam problemas como a poluição dos rios urbanos, a supressão de áreas verdes e o asfalto imposto como símbolo de progresso. “O que está em jogo é a forma como escolhemos viver. Urbanismo que ignora a floresta é insustentável”, reforçou Jade.
Além da experiência artística, a exposição busca influenciar políticas públicas. A poucos meses da COP30, que será realizada em Belém, o Museu Itinerante pretende gerar impacto além das salas de exposição. “Queremos inspirar gestores e cidadãos a repensar a cidade amazônica como um espaço de vida e equilíbrio ambiental”, concluiu a curadora.
O MIA pode ser visitado de segunda a sábado (exceto quartas-feiras), das 9h às 15h. A entrada é gratuita.
